Com açúcar ou adoçante?

Obrigado Dn. Chiquitota!

Tarde de setembro, 1904...

Os amigos Emmanuel, Werneck, Artur, Vicente e Jacques estão reunidos na casa do Flávio pela segunda vez no intuito de formar um time de Futebol. É aí que entra na sala oferecendo café com bolachas a Dn. Chiquitota:
Qual o nome do time que vocês vão fundar?
Eletro Club, respondeu Flavio, seu neto.
Morando no bairro onde moram, o clube de vocês só pode se chamar BOTAFOGO. Retrucou Dn. Chiquitota.

E tudo começou...

Ser alvinegro é um privilégio para poucos. Não é questão de DNA, é destino. É ser supersticioso a ponto de cair na porrada com o primo pq ele mudou de lugar no intervalo, é tomar a bênção ao busto do Mané na subida do Maracanã, é perceber que todo botafoguense (com raras exceções) num grupo de amigos é taxado de “O Gente fina”, é ter orgulho ao passar ao lado de um Nilton “o santo” sabendo que ele foi o maior lateral esquerdo de todos os tempos e só jogou no Botafogo.

Ai, ai, é ser antes de tudo, pessimista!

Conheço vários botafoguenses e nenhum é otimista. Nós duvidamos de tudo. Se estamos ganhando um jogo por 3 X 0 e tomamos um gol aos 30 minutos do 2o tempo, pensamos que ainda dá pra perder de virada. Ser alvinegro é isso, desconfiar de tudo e de todos. Todos os juízes são contra nós, toda imprensa carioca é rubro-negra e todo comentarista é paulista. É por isso que a vitória do fogão é incomparável. Nenhum Urubu, Pó de Arroz ou Português sente na vitória dos seus clubes a mesma alegria que sentimos pelo nosso. É que nós não estamos acostumados. Nós somos o contra, somos o avesso do Rio, não queremos ser a maior torcida, não queremos lotar o Maracanã e por isso nos emocionamos quando acontece. Como disse Sérgio Augusto no livro “Botafogo, entre o céu e o Inferno”: “-Botafoguense que se preza despreza até os clubes mais populares de outros estados e países. Sua falta de sintonia com os preferidos das multidões é fruto de uma necessidade orgânica de ir contra a corrente, de repelir o gregarismo e, em última análise, esquivar-se do populismo”. Isso reflete da alma alvinegra.

É por isso que ser alvinegro é lindo, poético e masoquista. Segundo Nelson Rodrigues, “O torcedor do Botafogo é o único que compra seu ingresso como quem adquire o direito, que lhe parece sagrado e inalienável, de sofrer”.

Sofremos sim. Sofremos por amor incondicional e não pedimos nada em troca. Prometemos que nunca mais voltaremos ao estádio após uma atuação medíocre e uma semana depois, ingênuos, estamos lá novamente gritando hora por Didi, Heleno de Freitas, Zagallo, Garrincha, Jairzinho Nilton Santos e Cia noutra somos obrigados a gritar por Dodô e Lúcio Flávio. Pois é, amamos o Botafogo pelo simples fato de amar.

Obrigado Dn. Chiquitota...

Obrigado por batizar o time que é o único tetra-Campeão Carioca (32, 33, 34, 35). Obrigado por batizar o time que fez da seleção brasileira o que ela é hoje, somos o time que mais cedeu jogadores a seleção Brasileira em copas do mundo (47). O Botafogo é o único time do planeta que possui dois jogadores na seleção de todos os tempos da FIFA, Nilton Santos e Garrincha. O Botafogo detém o recorde de invencibilidade do futebol brasileiro - 52 jogos sem derrotas em 10 meses. O Botafogo deu a maior goleada da história do futebol brasileiro (24 X 0), o Botafogo foi o primeiro carioca a ganhar o Campeonato Brasileiro (Taça Brasil -1968). (Eita...dava pra escrever uma frase linda só com os negritos).

Somos o amor e a paixão; o branco e o preto; o tudo e o nada; o rico e o pobre; o Yin e o Yang. Honramos as cores do Brasil de nossa gente.

Somos uma torcida de massa. De massa cinzenta.
Somos CAMPEÕES CARIOCA DE 2006.


Obrigado Dn. Chiquitota, que Deus continue te abençoando e te inspirando como fez naquela tarde de setembro de 1904.


Abraços a todos...


“Ser botafoguense é mais do que pertencer a um clube, a um grande clube. É pertencer a uma casta, com o seu tipo especialíssimo, inconfundível.” - Mário Filho


“Tenho pena daqueles que, por infelicidade do destino ou desvio de caráter, não são como nós”. - João Moreira Salles